30 de mar. de 2011

Sistema educacional falho leva alunos despreparados à universidade

A presença silenciosa de um mal que atinge muitos universitários em plena era digital

Por: Adriana Nascimento e Juliana Veloso
     
  Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), analfabeto funcional é a pessoa incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas. O descaso por parte das autoridades públicas e a falta de ação contra o problema está criando uma geração que chega ao ensino superior com dificuldades de aprendizagem.
     Para a ex-professora em Biologia, Rafaela Quintanilha, 29 anos, o problema não é somente das autoridades. “Há falta de interesse dos professores e alunos que deveriam se incentivar mutuamente”. Para ela, os professores teriam que acompanhar e ajudar no processo de desenvolvimento e conhecimento do aluno. Mas segundo a bióloga, na sala de aula, ocorre exatamente o contrário.
     Com acesso facilitado em tecnologia, os estudantes deveriam acumular mais conhecimentos. Porém, eles usam a internet, por exemplo, como mais um meio de entretenimento. O graduando em Tecnologia em Marketing, Filipe Augusto Correa, 25 anos, acredita que a faculdade poderia disponibilizar cursos extracurriculares de reforço em Português e Matemática. “Não solucionaria o problema, mas seria um grande passo para a conscientização”, afirma.
     “Embora não seja seu único papel, é de competência da universidade diagnosticar e cogitar algum tipo de ação demonstrando não apenas de forma global seus contornos, mas localizando especificamente o problema”, diz a educadora Elizabeth Cury, idealizadora do projeto Unimel (Universidade na Melhoria da Escrita e da Leitura).
     Com o objetivo de colaborar com a comunidade Cruzeiro do Sul no bairro de São Miguel, o programa Unimel atende desde alunos do primeiro grau quanto os graduados. São formadas turmas heterogênias para que os alunos que saibam mais contribuam com os que têm dificuldade. São preparadas práticas no ensino a leitura, produção de sentido, escrita e expressão oral. Para a professora, o papel da universidade é essencial e deve ter um envolvimento sério de quem o pratica.

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