Por Ana Mendonça
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Suplicy foi o vereador mais votado nas últimas eleições |
Nascido em 21 de junho de 1941, Eduardo Matarazzo Suplicy é um economista, professor e político brasileiro. Como grande parte da população, Suplicy descende da miscigenação de imigrantes italianos, portugueses e franceses. É Senador da República desde 1991 e tem uma vasta carreira política, sendo um dos mais respeitados e aclamados homens públicos na atualidade. A Agência Hipertexto foi conhecer mais de perto o mito Eduardo Suplicy, que mostrou suas ideias para um país melhor e revelou uma grande paixão: a música. Confira a entrevista.
Agência Hipertexto: Quando começou o seu amor pela política?
Suplicy: Desde menino, na adolescência, comecei a me inteirar do que era política e porque era importante resolvermos os problemas com os quais todos nós nos deparamos, como as grandes disparidades de riqueza no Brasil. Pouco a pouco, fui me interessando pelas formas de organização da sociedade e aprendendo o que era capitalismo, marxismo, comunismo, sempre levando em conta valores e ensinamentos do cristianismo. Formei-me em Administração de Empresas pela FGV e trabalhei durante um ano com o meu pai. Surgiu um concurso para ser professor na FGV e consegui a vaga. Em 1966, fui para a Universidade de Michigan, nos EUA, cursar mestrado em Economia e lá tive contato com a política internacional. Em 1973, ainda em Michigan, terminei meu doutorado começado em 1970. Foi um momento em que pude acompanhar várias manifestações, como a luta de Martin Luther King Jr e os protestos pelo fim da guerra no Vietnã. Nessa época, o Brasil ainda estava sob ditadura militar e eu observava como a economia crescia com desigualdade. Resolvi então voltar para meu país. Comecei a escrever artigos sobre economia para diversas revistas e jornais, como a Folha de S. Paulo, e continuei a dar aulas. Devido à grande repercussão de meus artigos, alguns amigos incentivaram-me a defender minhas ideias na política, o que culminou com minha filiação ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e a minha eleição a deputado estadual em 1978.
Agência Hipertexto: A maioria dos cidadãos brasileiros gosta muito do senhor; o veem como símbolo de honestidade, justiça e sabedoria. Ao que o senhor atribui esse sentimento e o que acha sobre a admiração que a população nutre pela sua pessoa?
Suplicy: Sinto-me bem por as pessoas terem estima por mim e pelo meu trabalho, acredito muito no que faço e essa estima e respeito da população constitui uma forma de as pessoas estarem dizendo a mim “que bom que você faz isso” e “você está no caminho certo, prossiga”.
Agência Hipertexto: O senhor tem pretensão em presidir o país? E quanto à prefeitura?
Suplicy: No momento, não. A presidente Dilma Roussef está indo muito bem e pretendo apoiá-la em sua reeleição. Quanto ao prefeito Fernando Haddad, tive oportunidade de conversar com ele quando éramos pré-candidatos à prefeitura e notei que temos pensamentos semelhantes. Ele inclusive me prometeu que faria o possível para implantar o projeto da Renda Básica de Cidadania na cidade de São Paulo. Se ele for candidato à reeleição em 2016, terá o meu apoio.
Porém já fui candidato a prefeito em 1985 e em 1992 e pré candidato a presidência em 2002. Como Senador, na última eleição que disputei, recebi mais de 8 milhões de votos e segundo as estatísticas, a cada dois paulistanos, um votou em mim.
Agência Hipertexto: Uma questão que tem sido muito polêmica, são os crimes cometidos por garotos prestes a completar 18 anos. O que o senhor acha sobre a redução da maioridade penal? O que pode ser feito para conter a violência que se alastra pelo país?
Suplicy: Sou contra a redução da maioridade penal. A maioridade aos 18 anos é uma cláusula pétrea na Constituição Brasileira, não pode ser modificada. Para diminuir a violência cometida por adolescentes e resolver os problemas da sociedade, deve-se criar boas oportunidades de educação, acesso à cultura e ao esporte e prover o direito a sobrevivência de todo e qualquer brasileiro, não importando origem, sexo, idade, etnia, condição civil ou socioeconômica. Todos devem ter direito a Renda Básica de Cidadania para atender as suas necessidades vitais. Um projeto de minha autoria, que já foi sancionado pelo presidente Lula em 2004 e só basta ser implantado em todo o país, visa que todo cidadão, desde seu nascimento, receba mensalmente um valor do governo para que possa prover as suas necessidades básicas. Estrangeiros residentes há mais de 5 anos no país também terão direito a este benefício. A implantação deste projeto seria a solução para grande parte da criminalidade violenta. Prefiro concentrar minha atenção e energia não para diminuir a maioridade penal, mas batalhar por esses outros objetivos.
Agência Hipertexto: Quanto aos problemas ambientais, o que o Brasil pode fazer para proteger a natureza?
Suplicy: Eu acho importantíssimo aumentarmos a nossa consciência sobre a qualidade e estado do meio ambiente e agirmos para evitar a destruição das nossas florestas. Devemos evitar também a poluição, a emissão de gás carbônico e preservar a qualidade e limpeza das nossas águas, tanto as que passam por São Paulo quanto as de todos os rios brasileiros. Acho também que devemos assegurar o direito do desenvolvimento sustentável, além de sempre nos preocuparmos com os recursos naturais, pois eles são fundamentais para a sobrevivência da humanidade.
Agência Hipertexto: Vi em alguns vídeos que o senhor gosta muito de cantar. Seus filhos o influenciaram
com a música ou o senhor foi a grande influência para Supla e João seguirem na carreira musical?
Suplicy: Eu gosto sim de cantar. Gosto muito de música desde jovem, de ouvir boa música, tanto brasileira quanto internacional. Estimulei meus filhos a também gostarem de música, pela convivência, mas não por ser músico. Comprei um piano há 6 anos atrás por incentivo de minha namorada, Mônica Dallari, e comecei a fazer aulas para aprender a tocar o instrumento. Todos os anos faço um concerto apresentando Chopin, Brams e também cantando clássicos como Blowin’ in the Wind e Besame Mucho.
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Um dos hobbies do senador é a música |
Agência Hipertexto: Família Matarazzo?
Suplicy: É a minha família. Sou bisneto de Francesco Matarazzo, que foi o maior empresário da América Latina na década de 30. Também sou descendente de portugueses e franceses por parte de pai.
Agência Hipertexto: Suplicy Professor?
Suplicy: Sempre gostei muito de ser professor, sempre me dei muito bem com os meus alunos e inúmeras vezes fui escolhido para ser patrono das turmas. Dei aulas o máximo que pude, até o dia 7 de dezembro do ano passado na FGV. Ainda dou palestras em diversas universidades e interajo muito com meus ex-alunos.
Agência Hipertexto: Eduardo, André e João?
Suplicy: São os meus 3 filhos queridos. Supla e João estão fazendo muito sucesso nos EUA. São muito entrosados. André é um ótimo advogado e está indo muito bem. Estou muito feliz com os meus 3 filhos, interajo muito com eles e gosto de cantar com eles também.
Agência Hipertexto: Por último, deixe um recado a todos os estudantes brasileiros para que tenhamos um país melhor no futuro.
Suplicy: Se eu pudesse falaria pessoalmente em todas as universidades e para todos os estudantes brasileiros, inclusive na Universidade Cruzeiro do Sul. Quero muito mostrar a todos como a instituição de uma Renda Básica de Cidadania pode prover dignidade a todos e baixar os índices de criminalidade, além de criar um espírito de solidariedade entre todos. Como já é lei aprovada no congresso nacional, só precisa ser instituída pelo poder executivo. Na medida em que mais e mais brasileiros e estudantes disserem a presidente Dilma que é uma boa ideia e que está na hora de começar a implantar o programa, mais rápido conseguiremos mudar o rumo do nosso Brasil.