29 de ago. de 2011

Lúpus tem seu diagnóstico melhorado com os avanços da medicina

Com maior incidência no sexo feminino, a doença se caracteriza pela variação de sintomas


Por Elizabeth Costa e Fernanda Ricardo

Dr. José Carlos Mansur e sua equipe de reumatologistas. Da esquerda para direita Residente Odilon, Dr. José Carlos, residentes Hênio, Thiago e Beatriz
Foto: Elizabeth Costa
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória, crônica e auto-imune que gera diversos quadros clínicos. De acordo com o médico José Carlos Mansur, atual médico encarregado da área de reumatologia do IAMSP (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual), a pessoa lúpica possui uma desorganização imunológica, ou seja, o sistema defensivo deixa de distinguir entre os antígenos (corpos estranhos) e as células e tecidos do próprio corpo, direcionando anticorpos contra si mesmo, os quais reagem formando complexos imunológicos que crescem nos tecidos e podem causar inflamação, lesões e dores.

“Quando soube não entendi bem, pois é uma doença rara e desconhecida, fiquei com muito medo, mas o médico me assegurou que, fazendo o tratamento, a doença se estabilizaria”, comenta Maria Helena Paranhos, que descobriu a doença há 40 anos. A LES pode atingir múltiplas partes do corpo, principalmente a pele, as juntas, o sangue e os rins, e pode causar sérios problemas ao longo da vida.

É uma doença razoavelmente comum no consultório dos reumatologistas e, apesar de não ser divulgada de maneira expressiva, devido aos avanços na medicina o LES tem sido diagnosticado com mais frequência e seu prognóstico é muito melhor do que 15 anos atrás.
Senhora Maria Helena Paranhos com um aluno da escola em que trabalha. Ela diz que atualmente não toma nenhuma medicação. Sua doença está inativa há 10 anos.
Foto: Elizabeth Costa

Atinge principalmente mulheres (9:1) em idade reprodutiva, iniciando-se mais comumente entre 20 e 40 anos. É tem maior incidência em certos grupos étnicos, como negros e asiáticos e pode ser bastante benigno até extremamente grave e fatal.

As manifestações clínicas são as mais diversas entre os pacientes e os sintomas variam muito. As queixas gerais mais comuns são mal-estar, febre, fadiga e falta de apetite, as quais podem anteceder outras alterações por semanas ou meses.

Existem três tipos de lúpus: lúpus discóide, o lúpus sistêmico, e o lúpus induzido por drogas. O lúpus discóide é limitado à pele identificado por inflamações cutâneas, já o lúpus sistêmico pode afetar quase todos os órgãos e sistemas. O lúpus induzido por drogas ocorre como consequência do uso de certos medicamentos. Os próprios medicamentos para tratar o lúpus, podendo levar a um estado de lúpus induzido.

O diagnóstico do LES é feito através da associação de dados clínicos e laboratoriais e às vezes é difícil e demorado, pois a doença pode variar sua apresentação. “Quando me falaram que eu poderia ter lúpus me assustei, porém, após os exames, constataram que era reumatismo. Como os diagnósticos são muito parecidos, se enganaram”, explica Ângela Bertolli, que constatou reumatismo após sentir muitas dores. Contudo, as novas técnicas de laboratório e o maior conhecimento e habilidade dos médicos para identificar a doença tendem a minimizar as dificuldades do diagnóstico.

Mesmo havendo protocolos internacionais para o tratamento de doenças complexas como o LES, cada paciente tem a sua história, ou seja, o tratamento depende dos sintomas e de sua intensidade. “Nos últimos anos, com a melhora no reconhecimento precoce da doença e o tratamento mais eficaz, temos tido melhores resultados”, afirma Mansur.

Os medicamentos utilizados podem provocar efeitos colaterais importantes e devem ser manejados por profissionais experientes.  A evolução da doença é imprevisível,podendo alternar-se em períodos mais calmos ou severos e até mesmo um período de remissão (inatividade da doença).

Ângela Bertolli teve suspeita de estar com Lupus, porém o seu diagnóstico era de reumatismo.
Foto: Elizabeth Costa
Atualmente, apesar dos avanços da tecnologia, ainda não há uma cura para o lúpus, porém, existem tratamentos e pequenas mudanças de hábitos que podem trazer uma maior estabilidade ao paciente. “Tenho uma vida normal, faço faculdade, trabalho, saio de balada, namoro”, diz Zaira Rachel Lima, que descobriu a LES com 19 anos.

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