30 de ago. de 2011

Mesmo fora de temporada, brasileiros viajam mais para o exterior



A queda do dólar e o aumento do poder aquisito tornam possível o sonho de viajar para fora do país

Por Carolina Campos, José Roberto Pessoto, Roberta Chamorro

Filas do check-in internacional torna-se cada vez mais comum
Foto: José Roberto Pessoto


De acordo com dados do Banco Central, no primeiro semestre de 2011, os brasileiros aumentaram seus gastos no exterior em 40%, comparado aos gastos no mesmo período de 2010.

Devido à baixa do dólar, renda maior e desconfiança com relação ao euro, mesmo fora de temporada, os gastos no exterior dispararam.“O ambiente interno brasileiro tornou-se mais atrativo para os estrangeiros, e estes aumentaram a injeção de capital externo dentro da economia nacional. O grande influxo de capital estrangeiro em nossa economia acabou gerando uma apreciação do real, frente ao dólar e demais moedas mundiais. Com isso ficou mais barato viajar para o exterior”, explica o economista Ricardo César Queiróz Filho sobre o motivo para tantas viagens.

A funcionária pública Luciana Taborda viaja pelo menos uma vez por ano para fora do país e está ansiosa para realizar sua próxima viagem internacional. “A vantagem de viajar para fora é conhecer outras culturas e pessoas diferentes. Ir aos EUA é sempre muito divertido, podemos esbanjar nas compras”, diz. Com a estabilização da economia brasileira, cerca de 15 bilhões de reais já circularam fora do país.

“O salário mínimo do brasileiro cresceu mais do que a inflação, o que enriqueceu a grande base trabalhadora e fez com que sobrasse mais dinheiro para, por exemplo, fazer viagens internacionais”, ressalta o economista.

Jorge Perez é proprietário de uma agência de turismo. Segundo ele, 80% de seus clientes buscam viagens de lazer para o exterior. “Acredita-se que é mais vantajoso viajar para o exterior do que para algumas cidades brasileiras”, comenta.

O fato de a aquisição do visto estar mais fácil, também aumenta a predisposição dos brasileiros para embarcar em uma viagem. “Os países do exterior visam lucrar com os estrangeiros. A valorização do real proporcionou mais facilidades para a detenção de visto”, ressalta Perez.

Mesmo com o aumento da alíquota do IOF - Imposto sobre Operações de Finanças - de 2,38% para 6,38% nas compras com cartão de crédito, os turistas brasileiros não deixaram de comprar no exterior. Uma das alternativas encontradas é a utilização de dinheiro em espécie e cartões de débito.

Para entendermos por que as taxas de juros estão altas o economista explicou que essa medida desacelera o consumo, contendo a inflação.

“Caso precise comprar dólares, ou qualquer outra moeda, não compre tudo de uma só vez, faça isso de forma periódica, evitando assim ser prejudicado por taxas de câmbio artificiais e especulativas. Evite gastos excessivos no cartão de crédito internacional, as taxas de juros praticadas no Brasil são umas das maiores do mundo, principalmente as do cartão de crédito”, dá a dica Queiróz sobre como não extrapolar e se endividar.

A vendedora autônoma Valéria de Oliveira aproveitou a desvalorização do dólar e pretende nos próximos meses realizar seu sonho de viajar para a Disney, no entanto, afirma que não deixará os encantos brasileiros de lado. “Sempre tive o sonho de conhecer a Disney, mas nunca tive a oportunidade de realizar esse sonho por motivos financeiros. Hoje a situação financeira melhorou um pouco e vou realizar meu sonho. Isso não significa que vou deixar de lado os encantos brasileiros“, afirma.

A pergunta que predomina é se esse intercâmbio dos brasileiros favorece ou não o nosso país. Para Queiróz, essas viagens indicam que a população está com níveis melhores de renda, mas, por outro lado, este fato também indica que nossa moeda está muito mais apreciada que outras moedas internacionais, o que pode ser ruim para a indústria exportadora. “A indústria exportadora brasileira depende de um real desvalorizado para tornar seus produtos mais baratos e atrativos para os compradores internacionais. É por isso que a China possui um regime de câmbio "artificialmente" desvalorizado", diz. 

"Em uma economia como a brasileira, basicamente exportadora de commodities e produtos básicos, sua parcela exportadora é extremamente importante”, alerta.

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