Visando qualificar melhor o estudante, medida será implantada nas escolas públicas e privadas
Por Elizabeth Costa e Fernanda Ricardo
A determinação, proposta inicialmente pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e que aguarda a sanção do ministro da Educação, Fernando Haddad, deve trazer mudanças nas escolas públicas e privadas de todo o país. As novas diretrizes pretendem conferir mais autonomia e flexibilidade às instituições de ensino na definição da grade curricular para o ensino médio.
Na prática, cada escola pode optar entre manter a grade curricular tradicional e a montagem do projeto político-pedagógico a partir de quatro áreas de atuação - ciência, tecnologia, cultura e trabalho. Por meio de um diálogo entre o corpo docente, alunos, rede de ensino e as comunidades locais, cada instituição escolheria a sua vocação. Ou seja, há a autonomia de dosar a grade horária como preferir, de acordo com o gosto e a necessidade. “Essa mudança do currículo é necessária. Na medida em que o aluno do 3º ano opta pela a área que quer seguir, fica direcionado para as matérias de que gosta mais, aumentando o interesse pelos estudos”, relata Silvia Parra, professora de Português.
Esta resolução visa, dentre outras questões, a diminuir os altos índices de evasão encontrados principalmente nesta fase da vida escolar. Uma pesquisa apresentada pela Fundação Getúlio Vargas, em abril deste ano, mostrou que o principal motivo que leva o jovem brasileiro a abandonar os estudos é a falta de interesse pela escola. O estudo revelou que 40% dos jovens de 15 a 17 anos que evadem deixam de estudar porque acreditam que a escola é desinteressante. “Falta algo que te chame para estudar. Aulas práticas, por exemplo, atraem mais a atenção porque são diferentes. Quando o professor te mostra como aquilo funciona, você aprende de verdade”, comenta Ricardo Garrido, 17 anos.
Para Gil Fernandes, a nova matriz da grade curricular para o 3º é uma forma dos alunos escolherem o seu caminho. Foto: Elizabeth Costa |
Outra mudança a ser estimulada é a flexibilidade do currículo: 20% da grade curricular deve ser escolhida pelo aluno. Segundo Gil Fernandes, coordenadora pedagógica do Ensino Médio em uma escola estadual da zona leste, se o aluno for escolher as matérias isso dependerá da demanda de professores da rede estadual. “Um exemplo é que na área de biológicas tem poucos professores, então tudo dependerá de uma adaptação” conclui.
O texto também prevê o aumento da carga horária mínima do ensino médio - de 2,4 mil horas anuais para 3 mil - além do foco na leitura, que deve perpassar todos os campos do conhecimento. A proposta ainda estimula experiências que instiguem a participação social dos alunos, além do desenvolvimento de atividades culturais, esportivas e de preparação para o mundo do trabalho.
Além disso, os estabelecimentos terão autonomia para aumentar o período letivo no turno da noite, dando mais tempo aos alunos para concluir os estudos. “Acho fundamental os alunos, principalmente do período noturno, terem mais tempo para terminar os estudos”, comenta Maria do Carmo, mãe de um aluno do ensino médio, período noturno. A proposta foi estudada por oito meses pelo Conselho, a última revisão dessas diretrizes foi feita em 1998, há 13 anos. A alteração da grade curricular é baseada na resolução nº 191/2011 e deverá ser implementada até o final de 2011 no currículo do Ensino Médio.
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