23 de fev. de 2011

Entrevista: Valéria Rambaldi, jornalista da Rádio Eldorado

Por Roberta Chamorro

A convite da Atalanta Publicidade e Propaganda, a jornalista Valéria Rambaldi concedeu uma entrevista coletiva aos alunos do 5º semestre de Jornalismo a respeito das características do jornalismo ambiental. O evento “Encontro com Profissionais” faz parte do conteúdo curricular da disciplina Jornalismo Segmentado, ministrada pelas professoras Flávia Serralvo e Regina Tavares. Valéria atualmente coordena três programas na Rádio Eldorado, voltados meio ambiente, cultura e variedades, além de atuar como assessora de imprensa nas áreas de moda, gastronomia, negócios, meio ambiente e terceiro setor.
De onde surgiu seu interesse pelo jornalismo ambiental?
Eu sempre gostei do tema  e me interessei ainda mais pelo  jornalismo ambiental quando comecei  a trabalhar na Eldorado em 2004. A rádio sempre levantou a bandeira do jornalismo ambiental e conseguiu, em 1992, depois de uma  matéria comparando o Rio Tietê com o Tâmisa, começar uma mobilização com a população,  e conseguiu um milhão de assinaturas que foram enviadas ao Governo de São Paulo e deu início ao Projeto Tietê.
Você  participa ou já participou de alguma ONG? Acredita que as ONGs são fundamentais na recuperação do meio ambiente?
Nunca participei de nenhuma ONG. Sempre gostei de animais e sempre fui contra poluição e sujeira. Algumas ONGs usam o assunto meio ambiente como forma de ganhar dinheiro, porém outras são muito responsáveis, fazem realmente trabalhos com animais, onças raposas, mas às vezes existem pessoas que são do mal infiltradas nessas ONGs do bem.
Qual sua função na Rádio Eldorado?
Estou há sete  anos na rádio. Entrei como redatora, depois fui para a produção e reportagem – foi quando me chamaram para produzir matérias específicas para o meio ambiente e também de jornalismo diário.
Quais os cuidados que devemos ter com o ouvinte?
Devemos ter cuidado com  o conteúdo  que vamos colocar no ar. As pessoas estão muitas vezes sujeitas a falarem absurdos e uma informação errada pode causar sérios problemas.
Você  tem alguma esperança de melhoras com relação a meio ambiente aqui no Brasil?
Sei que ainda falta muita coisa para melhorar. O Brasil, por exemplo,  é um país que ainda usa amianto, e isso gera alguns problemas muito sérios a saúde. Já fizemos várias matérias sobre isso. As pessoas ainda jogam lixo em qualquer lugar.  Fiz um pequeno levantamento na avenida Paulista e descobri que são jogadas 1 milhão de bitucas por dia nas  calçadas. E quando entopem os bueiros, a culpa não é só da Prefeitura, né? As coisas não mudam de uma hora para outra. O programa de meio ambiente serve para isso: educar e conscientizar.
O lado negativo da sujeira e da poluição pode ajudar?
Muitas vezes, o lado negativo da história nos leva à conscientização. Acredito que, depois de tanta chuva e tantos problemas que estamos  enfrentando, a sociedade já começou a se preocupar.
Sobre desastres ambientais, qual efeito o jornalismo tem na solução desses casos?
A informação se espalha e essa disseminação é o que faz as coisas acontecerem.
Você acredita que as empresas mudaram seu conceito no contexto meio ambiente?
Sim, a maioria das empresas procura fazer ações ecologicamente corretas. Muitas já trocaram suas matérias-primas por matérias sustentáveis. Os empresários estão  preocupados e indo  pelo caminho certo da ecologia e da preservação do meio ambiente.
A Natura é uma empresa que usa elementos da natureza para produzir seus produtos. Você considera uma produção sustentável?
A Natura apresenta um trabalho muito sério, replantam todos os produtos que retiram da natureza. Jamais escutei ou apurei alguma denúncia dessa empresa.
Qual é a relação entre jornalismo ambiental e governo?
O Ministério do Meio Ambiente faz várias ações, algumas boas e algumas ruins. Digo ações ruins quando as considero ações de interesses políticos ou de grupos que estão mais preocupados com lucros do que com o meio ambiente.
Quando o governo deve começar a reagir?
Eu acho que tem que ser uma ação conjunta entre governo e população. A população tem, sim, uma parcela de culpa, quando joga sujeira nos rios ou  não descarta o lixo de  maneira adequada.
Qual foi a situação que mais lhe chocou e a que mais lhe deu prazer em informar?
Fiquei muito chocada quando descobrimos que dentro de uma ONG de proteção aos felinos, do Mato Grosso, estava infiltrada uma pessoa que passava informações para que caçadores de onças pudessem encontrá-las.  É muito satisfatório quando descobrimos casos absurdos como esses e conseguimos denunciar.
Qual a notícia sobre meio ambiente que mais repercutiu?
Dar a noticia do caçador  de onça deu uma repercussão boa. Algumas emissoras de televisão acabaram dando enfoque a essa matéria também.
Quais as dificuldades que existem para manter um programa ambiental no rádio?
Hoje em dia esse tipo de programa é bem-vindo. Temos alguns patrocinadores, como a Tetrapak,  que está há anos como  um dos nossos patrocinadores. E pauta de meio ambiente é o que não falta. Até o descarte correto de uma lâmpada de mercúrio pode virar pauta.
Vocês recebem denúncias de moradores? Essas notícias são baseadas em quê?
Recebemos praticamente todos os dias, principalmente sobre poluição, maus tratos de animais. Recebíamos mais pelos e-mails da rádio,  agora, com as redes sociais, também recebemos muita coisa.
Qual o conselho que você deixa para a população?
Aconselho a refletirem que destruição do meio ambiente não é só aquecimento global, engloba muitos aspectos. Hoje em dia sofremos muito com a matança de baleias, sacrifícios de animais em geral, a sujeira da cidade também causa muita preocupação. Peço para que todos continuem pensando globalmente e agindo localmente. O pouco que cada um fizer pelo meio ambiente terá um efeito enorme no planeta.

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