20 de fev. de 2011

Para os que não ouvem, a deficiência está na educação brasileira

Apesar dos avanços o país ainda está longe de oferecer uma grade curricular adequada a necessidades específicas

Por Adriana Nascimento e Juliana Veloso
De acordo com o censo da Educação Superior do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em 2008 havia cerca de 1.450 estudantes deficientes auditivos matriculados em cursos superiores em universidades particulares e públicas no Brasil.
A inclusão de pessoas com deficiência auditiva tem sido acompanhada por aplausos a reprovações no meio educacional. De um lado, defende-se a inclusão de pessoas com deficiência como oposição à exclusão somente. Do outro, luta-se contra a realidade de uma educação totalmente superficial desde o ensino regular.
Um dos principais desafios enfrentados pela comunidade de deficientes auditivos é a falta de capacitação de profissionais. “Não é estar apenas na escola, o aluno merece uma educação de qualidade. A inclusão não significa um real acesso à educação. Temos muitas questões a serem trabalhadas em relação à adequação e capacitação do professor e a grade curricular”, explica a professora de Libras da Universidade Cruzeiro do Sul, Juliana Silva.
Essa realidade também afeta a vida dos deficientes auditivos no mercado de trabalho. Para o projetista Francisco José de Camargo, a busca por emprego e o acesso à educação foram grandes desafios, já que ele e sua esposa Nariman Sankari viveram a época em que os deficientes auditivos não tinham o direito nem ao menos de se comunicar por meio de Libras.
“Trabalhei em uma empresa por 35 anos, tive um chefe que não tinha paciência em falar comigo, ele mal me olhava. Era difícil entender o que ele dizia, pois eu tinha que fazer leitura labial. Certa vez ele chegou a me chacoalhar”, relata Camargo.
A estudante de Libras do Instituto SELI (Surdez, Educação, Linguagem e Inclusão) Márcia Fabiana acredita que o primeiro passo é o reconhecimento e adequação da comunidade dentro da sociedade. “Hoje o surdo tem que ser visto como um ser com sua própria cultura, grupo e realidade. É de suma importância que ele tenha o direito de realizar atividades como qualquer outra pessoa”.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | cna certification