Em tempos de 3D, filmes mudos voltam para mostrar as raízes da sétima arte
Por Tayane Garcia
Evento que resgata clássicos do cinema mudo Foto: Tayane Garcia |
O silêncio voltou às telonas este ano com o filme O Artista. A história é sobre um ator de filmes mudos, interpretado por Jean Dujardin, que teme perder seu lugar com a chegada do cinema falado. Paralelamente, existe uma história de amor entre o protagonista e uma dançarina. A trilha sonora e as expressões faciais dos personagens são alguns dos fatores que dão vida ao gênero.
O filme faz uso de tecnologia, porém, sem deixá-la em evidência. “O Artista usa muito bem o confronto entre o cinema mudo e a tecnologia atual. Um exemplo é a cena em que o protagonista começa a dar-se conta de que tudo a sua volta faz ruídos na vida real”, explica Mauro Pommer, professor de roteiro do curso de Cinema da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Quando a era do cinema mudo surgiu, em 1920, a maioria das projeções cinematográficas eram acompanhadas por música executada ao vivo. Este fator permitia aos telespectadores experimentar a sensação de viver a história do filme. “Tão importante quanto contar uma história é como contar esta história. A linguagem do audiovisual utilizada em todas as suas potências, uma dialogando com a outra, buscando uma espécie de unidade orgânica, ajuda a deixar clara a intenção do filme”,diz João Luiz Vieira, professor associado III do Departamento de Cinema e Audiovisual da UFF (Universidade Federal Fluminense).
A repercussão de O Artista despertou o interesse de jovens e adultos, sendo que alguns deles já eram admiradores do gênero. “O cinema mudo, sem dúvida, é um marco na história. Fico chateado em ver que as crianças de hoje não conhecem ou apreciam esse estilo, da forma que eu fui ensinado a gostar. Apesar de eu não ter vivido na época de ouro do cinema, fico deslumbrado com as técnicas rústicas e as performances simples aos nossos olhos”, conta o estudante Alexander José, 21 anos.
O MIS (Museu da Imagem e do Som) realiza todo mês o Cinematographo, evento que tem como objetivo resgatar clássicos do cinema mudo e projetá-los com o acompanhamento de um banda, pianista ou orquestra. “Escolhemos filmes mudos interessantes e músicos variados. Já tivemos um pianista, uma banda de jazz e uma banda cover do Pink Floyd. É um programa divertido e uma oportunidade de as pessoas conhecerem filmes pouco exibidos da maneira como eram exibidos na época”, informa André Sturm, diretor executivo do MIS. Para atrair o público, o museu divulga o projeto nas redes sociais, entre outras mídias. São aproximadamente 100 pessoas por sessão.
O cinema mudo é uma das linguagens que permitem criar eventos culturais atualmente, além de ser uma fonte para entender o funcionamento da sétima arte. Os interessados em assistir a uma sessão do gênero podem se informar no site www.mis-sp.org.br e conferir as próximas seleções do Cinematographo.
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