7 de jun. de 2012

Cinema mudo ainda fala nos dias de hoje

Em tempos de 3D, filmes mudos voltam para mostrar as raízes da sétima arte

Por Tayane Garcia

Evento que resgata clássicos do cinema mudo
Foto: Tayane Garcia
O silêncio voltou às telonas este ano com o filme O Artista. A história é sobre um ator de filmes mudos, interpretado por Jean Dujardin, que teme perder seu lugar com a chegada do cinema falado. Paralelamente, existe uma história de amor entre o protagonista e uma dançarina. A trilha sonora e as expressões faciais dos personagens são alguns dos fatores que dão vida ao gênero. 

O filme faz uso de tecnologia, porém, sem deixá-la em evidência. “O Artista usa muito bem o confronto entre o cinema mudo e a tecnologia atual. Um exemplo é a cena em que o protagonista começa a dar-se conta de que tudo a sua volta faz ruídos na vida real”, explica Mauro Pommer, professor de roteiro do curso de Cinema da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Quando a era do cinema mudo surgiu, em 1920, a maioria das projeções cinematográficas eram acompanhadas por música executada ao vivo. Este fator permitia aos telespectadores experimentar a sensação de viver a história do filme. “Tão importante quanto contar uma história é como contar esta história. A linguagem do audiovisual utilizada em todas as suas potências, uma dialogando com a outra, buscando uma espécie de unidade orgânica, ajuda a deixar clara a intenção do filme”,diz João Luiz Vieira, professor associado III do Departamento de Cinema e Audiovisual da UFF (Universidade Federal Fluminense).

A repercussão de O Artista despertou o interesse de jovens e adultos, sendo que alguns deles já eram admiradores do gênero. “O cinema mudo, sem dúvida, é um marco na história. Fico chateado em ver que as crianças de hoje não conhecem ou apreciam esse estilo, da forma que eu fui ensinado a gostar. Apesar de eu não ter vivido na época de ouro do cinema, fico deslumbrado com as técnicas rústicas e as performances simples aos nossos olhos”, conta o estudante Alexander José, 21 anos.

O MIS (Museu da Imagem e do Som) realiza todo mês o Cinematographo, evento que tem como objetivo resgatar clássicos do cinema mudo e projetá-los com o acompanhamento de um banda, pianista ou orquestra. “Escolhemos filmes mudos interessantes e músicos variados. Já tivemos um pianista, uma banda de jazz e uma banda cover do Pink Floyd. É um programa divertido e uma oportunidade de as pessoas conhecerem filmes pouco exibidos da maneira como eram exibidos na época”, informa André Sturm, diretor executivo do MIS. Para atrair o público, o museu divulga o projeto nas redes sociais, entre outras mídias. São aproximadamente 100 pessoas por sessão.

O cinema mudo é uma das linguagens que permitem criar eventos culturais atualmente, além de ser uma fonte para entender o funcionamento da sétima arte. Os interessados em assistir a uma sessão do gênero podem se informar no site www.mis-sp.org.br e conferir as próximas seleções do Cinematographo. 

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