13.03.13
Recreacionismo
Por Rodrigo Motta, 29 anos
Bom até hoje não me acostumei com essa palavra recreacionismo, prefiro recreação. Mais estranho ainda é eu ser chamado de recreacionista, como está escrito nas costas do uniforme que eu uso onde trabalho, em um colégio na zona sul de São Paulo. Pelo menos isso mostra que agora está se firmando uma profissão que antes era diluída em várias áreas como turismo e educação física.
Acredito que o motivo dessas nomenclaturas e afirmação da profissão tem a ver com um fato curioso e triste: a sociedade não precisava de nós antigamente. Eu considero ainda pior, pois os adultos sempre tiveram alguma dificuldade de interagir com outros em uma atividade recreativa, seja por vergonha, inibição, reservas ou mau humor. Estamos em um estágio onde as crianças estão com dificuldade de interagir e se recrear. E isso é preocupante.
Mas como aconteceram essas mudanças? Observando as crianças desta geração pude ver que elas nascem com um “chip novo da tecnologia”. Crianças de 3 e 4 anos ensinando seus pais e avós a mexer em seus brinquedinhos tecnológicos, são cenas mais comuns que nós podemos imaginar. Dizemos: isto é uma evolução, que nossos filhos serão muito mais inteligentes que nós etc. Maravilhoso, sensacional, mas... não é bem assim! Desde pequenos eles se acostumam que o seu brinquedo ou brincadeiras fazem exclusivamente o que eles mandam. O botão vermelho pula, o verde avança, amarelo e vermelho juntos dão um super golpe, deslizar o dedo mexe o personagem para a direita ou esquerda, eles falam com o aparelho e ele responde o que você quer. E quando os aparelhos (ditos amigos virtuais) não fazem isso, as crianças desligam ou mudam de jogo. Simples, fácil, mas destrutivo para os relacionamentos humanos.
Estamos criando uma geração que tratam seus colegas e amigos como jogos virtuais. Quantas crianças que você conhece que ficam horas na frente de um Playstation ou IPAD, mas tem dificuldade de brincar e se relacionar com “pessoinhas reais”? Que mesmo jogando esses apetrechos modernosos juntos, brigam e discutem por coisas que são fáceis de resolver, como organizar quem joga depois de quem?
Quando acontece algum empecilho para a diversão em uma brincadeira fora das telinhas eles reagem exatamente igual, desligam seu relacionamento e vão embora. Elas não conseguem mais encarar os problemas com o próximo, resolvê-los e seguir em frente. Não conseguem se organizar, fazer as regras, combinados e jogar obedecendo o que foi construído junto. É o famoso método “my way or the highway” (do meu jeito ou cai fora). A convivência em grupos e brincadeiras onde os relacionamentos são o alicerce, estão dando lugar ao egocentrismo, isolamento, alienação e a morte das brincadeiras que nosso pais e avós cresceram brincando.
Não sou contra a tecnologia, mas o excesso dela está privando nossas crianças de uma necessidade básica, o contato humano através do brincar.
Quando pensei neste texto não esperava que iria partir para este lado, queria ter falado da alegria, da simplicidade, da diversão, das brincadeiras e como quem trabalha com criança se sente mais perto de Deus, mas a boca fala do que o coração está cheio. E meu coração está preocupado ao ver o que estamos fazendo com nossas crianças. Sempre que a sociedade tem uma necessidade, novas especialidades surgem: quando precisávamos de estradas e prédios, surgiram os engenheiros; quando precisávamos cuidar da saúde, surgiram os médicos; quando precisávamos de segurança, surgiram os policiais.
Nesses últimos anos surgiram os recreacionistas, talvez nossa sociedade esteja precisando de pega-pega, barra manteiga, detetive, elástico, pular corda, bolinha de gude, pião, teatro, fantasias, dança, queimada...
17.04.12
A poesia de um adolescente
Por Bremmer Augusto Guimarães, 17 anos
Bem, comecemos pelas apresentações. Sou Bremmer Augusto Guimarães, mineiro de Belo Horizonte, e tenho 17 anos. Malditas convenções sociais, há de se pensar. Ou talvez: quem é esse menino pra vir falar de poesia? De fato só mais um despercebido no País dos Andrades. Apesar disso, sou, sem dúvida, um grande apaixonado pela literatura.
Sinceramente, não consigo me lembrar de qual foi a ocasião em que escrevi algum conto ou poema bobo pela primeira vez. Escrevo desde criança. Talvez com meus cinco ou seis anos já rabiscasse minhas fantasias em forma de texto. Sempre fui muito incentivado por minha avó. O universo literário sempre me fascinou, embora com seis anos de idade eu nem tivesse ideia do que pudesse ser isso.
Hoje, escrevendo coisas um pouco menos imaturas do que naqueles tempos, possuo um blog onde publico alguns de meus textos. Parte desse amadurecimento é devido à leitura. Meu blog se chama “A vida é uma loucura”. Permito-me enlouquecer e encarar a vida intensamente a todo instante. A ideia desse blog partiu não de mim, mas sim de um amigo meu. Meus amigos sempre apreciaram minha produção escrita. Então, certo dia, esse meu amigo me propôs o desafio de criar o blog. E eu aceitei! No meu “diário virtual” há crônicas, contos e principalmente poemas (ou tentativas de) inspirados em situações do dia a dia. Desde o hippie que vejo na rua, ao amor da minha vida, passando pelo professor de literatura com quem discuto, ou por um inusitado baile funk, tudo está nesse universo de “Grilo Bicho” (pseudônimo meu e que encabeça o link do blog).
Poesia e literatura, em geral, são motores de minha vida. Meus dias se completam com meus itinerantes orgasmos literários. Um conceito exato (se é que existe) de poesia deixo que os versos de Drummond, Bandeira, Leminski, Cecília e tantos outros poetas que admiro falem por si.
Almejo cursar jornalismo e um dia, quem sabe, poder publicar meus romances. Ser escritor é um sonho! Por mais que no Brasil seja difícil viver disso. Despeço-me com o verso de um poema drummondiano que é, dentre todos que já li, o que me é mais marcante e que talvez traga a tão procurada definição de poesia: “É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”.
15.04.12
Skate: paixão sobre rodas
Thiago Penezio, 21 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, começou a andar de skate aos 13 anos, desde o início foi incentivado pelo pai. Praticou diversos esportes radicias. Hoje costuma a andar de skate no Vale do Anhangabaú.
A manobra que ele mais gosta é o Double heel flip, a modalidade que ele pratica é a street, “skate de rua”.
Apesar de praticar um esporte radical, ele nunca fraturou nenhum membro do corpo.
Penezio participa de vários campeonatos, atualmente compete no Circuito Universitário. Levou o 1º lugar no Circuito Plasma de Skate Parking, hoje trabalha em um shopping e, por isso, só pratica o esporte uma vez por semana.
Na época em que ele andava profissionalmente tinha patrocínio, não ganhava muito e por isso teve que abrir mão de seguir o esporte profissionalmente. Comenta que era muito difícil conseguir patrocínio, que no mundo do skate há muitos jovens com talentos mas que não têm a oportunidade de seguir carreira, faltam empresários interessados em investir nesse esporte.
Segundo ele ser um skatista profissional tem que ser alguém de sorte.
Mas o skate lhe proporcionou muitas coisas boas. Mesmo com todas as dificuldades diz que nunca irá deixar sua paixão de lado.
13.04.12
Desenho no café: detalhe que faz a diferença
Por Lucas Salomão, 27 anos
A LatteArt entrou na minha vida por acaso, quando abandonei minha antiga profissão de bartender para me dedicar ao estudo dos cafés especiais, no ano de 2005.
Em 2010 fui à Italia, mais especificamente a Milão, onde fiz um curso de LatteArt com o barista campeão italiano Andrea Lattuada, com quem aprendi todo o conceito e principalmente, em primeiro lugar, antes da LatteArt, vem a qualidade da bebida.
Barista é o nome dessa profissão ainda tão pouco conhecida aqui no Brasil.
Fiz cursos voltados para esta área, trabalhei bastante tempo em uma conceituada cafeteria de São Paulo aonde comecei a me aventurar fazendo desenhos em meus cappuccinos.
Existem dois métodos para desenhar no café: os cratching ou grafismo. Neste utilizam-se caldas para cobertura de sorvete, que podem ser de chocolate ou de caramelo, “riscando” a superfície da bebida, junto de um utensílio com ponta fina para desenhar. Permite usar a criatividade, escrever nomes e fazer desenhos em geral. O outro método é a LatteArtFreePour. Usando apenas uma leiteira (Pitcher) e o leite, esta técnica “risca” a superfície do café, formando os desenhos. Dentre esses dois, considero o FreePour um pouco mais complicado, pois o desenho forma-se conforme o leite é despejado sobre o café junto com a coordenação do punho.
Atualmente leciono o curso de baristas para iniciantes, e a grande maioria vem para aprender a técnica do desenho no café: a Latte Art.
Pessoalmente, o que é mais gratificante do que ensinar a técnica da LatteArt para outras pessoas é ver a reação dos clientes ao receberem seus cappuccinos decorados. A maioria fica com pena de desmanchar o desenho!
06.04.12
Ser Educador Social
Por Luan dos Santos Rejis Balcasse, 27 anos
Quando eu entrei nessa profissão, não imaginava que aprenderia e me emocionaria tanto também. Lembro do dia de minha entrevista, quando minha atual chefe (diretora do abrigo) me perguntou se era com isso mesmo que eu queria trabalhar, pois esse trabalho requeria muita paciência e amor. De primeira não levei muito a sério o que ela disse, imaginei que era mais uma entrevista que o chefe se faz de chefe e eu, como futuro empregado, aceitaria todas as normas e conselhos para simplesmente trabalhar! Bem, eu estava enganado...
Cheguei ao abrigo muito afoito, pois não sabia o que iria encontrar. Afinal, trabalhar com pessoas é sempre uma aventura, todas as crianças estavam na sala, entre elas três adolescentes (mulheres), sendo uma delas mãe de um bebê muito bonito. Todas elas me cumprimentaram e mostraram uma carência afetiva muito grande - isso já era um baque! Então os educadores mais antigos me apresentaram a todos os demais funcionários, que englobam operacionais (cozinha e lavanderia), demais educadores e a equipe técnica (psicóloga e assistente social), que, na ausência da gerente, são as responsáveis da casa. Fui muito bem recebido por todos.
Nas primeiras semanas, você é testado o tempo todo, não pela gerência ou colegas de serviço, mas sim pelas crianças. Posso afirmar que requer muita paciência, todos querem falar, gritar, reclamar e se machucar ao mesmo tempo. Mesmo com três educadores se torna complicado atender 23 crianças ao mesmo tempo, então comecei a entrar na rotina da casa. De manhã, parte das crianças vão à escola levadas pelo educador, durante esse período são ministradas as medicações perscritas para as crianças. Separamos as mochilas e roupas para as atividades escolares e colocamos todos para escovar os dentes. O outro grupo de crianças é levado ao centro de recreação da comunidade, para desenvolverem atividades sócioeducativas, e todos acompanhados por um educador, e o terceiro e último educador fica para acompanhar crianças a tratamentos médicos e psicológicos em instituições não governamentais, geralmente formadas por alunos das faculdades públicas de São Paulo. Quando retornam, acontece o inverso: os que foram à escola de manhã vão ao centro de recreação à tarde, e os que já estavam vão à escola. Nesse intermédio servimos o almoço auxiliando as operacionais e administrando o banho de quem vai à escola.
A casa fica sob tutela de educadores 24 horas por dia, seguindo o horário 12 por 36 horas, por tal as rotinas da parte da manhã são diferentes da noite. São servidas cinco refeições por dia na casa, sendo estas normalmente por educadores - café da manhã, almoço, café da tarde, jantar e ceia antes de irem dormir. A ceia sempre é administrada pelos educadores do noturno, as demais são responsabilidades dos educadores do dia. Aos finais de semana, a maioria das crianças vai à casa dos pais para o trabalho de readaptação familiar, e as que ficam na casa desenvolvem muitas atividades educativas ou simplesmente brincadeiras, desenhos e filmes próprios para cada idade, passeios externos e idas ao clube-escola.
No começo eu quis desistir de tudo, pois as crianças se mostram agressivas tanto fisicamente quanto verbalmente. Eu no começo tinha de fazer até contenção de crianças e adolecentes que queriam quebrar toda a casa ou agredir outras crianças, mas não tinha jeito: eu apanhava e escutava muitos palavrões, mas a cobrança pelo trabalho perfeito me fazia ficar, muitas vezes somente para exercê-lo, por gostar demais de lidar com pessoas. Muitos educadores não se importam com que estão trabalhando, tratam a situação de forma mecânica, e não dá para fazer isso lidando com humanos, ainda mais com crianças.
Com o tempo aprendi que cada um tem uma maneira especial para ser tratado, seja em momentos de tristeza, alegria, raiva e dor, é muito gostoso chegar no seu ambiente de trabalho e ser recebido por muitos abraços e beijos de bom dia e boa noite pelas crianças, afinal eu sou uma parte da vida delas, escuto muitas das vezes suas frustrações e felicidades, auxilio suas tarefas escolares, respondo suas dúvidas, sejam elas escolares ou aleatórias, que muitas vezes não são fáceis de responder. Noites e noites em hospitais acompanhando-as, muitas das vezes trabalhando até 48 horas seguidas, mas permaneci e aprendi a conhecer cada um que entra e que sai, ganhei o respeito devido como educador e, por que não, pai substituto?! Mas a melhor parte é quando eu penso no passado e vejo que minha persistência, meus conselhos e conhecimentos ajudaram a formar essas magnificas crianças que hoje são muito mais que vencedoras, são sobreviventes, reflexos de uma sociedade desestruturada e irresponsável.
02.04.12
Um sonho em três dimensões
Por Diego Correa, estudante de animação 3D
A tecnologia sempre me impressionou. Videogames, informática, etc. eram meu playground particular e, conforme crescia, crescia comigo essa vontade de fazer algo relacionado a isso. Até o dia que descobri as animações da Disney. Desenhos como "Mickey", “A Bela e a Fera” e principalmente “O Rei Leão” me fascinavam.
No entanto, mesmo sendo apaixonado por essas obras, minha praia era mais consertar computadores do que desenhar. Fiz cursos profissionalizantes na área de hardware e trabalhei quase dois anos no ramo. Não pensava em sair desse ramo, até a Disney surgir novamente, colocando um novo filme na minha vida: "Toy Story".
Foi um soco na minha cara. Desenhos feitos por computadores! A cada cena que passava, eu não conseguia acreditar o quão incrível era ver um desenho em 3D, correndo, andando, rindo, chorando. Incrivelmente real pra mim. Nesse momento, decidi entrar na área de animação 3D. No entanto, o preço para estudar nessa área era (e ainda é) muito caro para um jovem entusiasmado. Não desisti e depois de muita pesquisa, encontrei uma escola de cinema 3D e animação.
Entrei em contato e mandei uma carta, falando da minha história e do meu sonho. Depois de um mês de espera, minha ansiedade chegou ao fim com uma resposta positiva da escola. Ganhará uma bolsa de estudo integral para o curso “Voyage: Do zero ao curta em 1 ano”. Hoje ainda vivo esse sonho, me esforçando ao máximo para que meu curta-metragem (que é o projeto do final de curso) seja tão real quanto aquelas imagens que vi na tela, há algum tempo.
Sobre a profissão (tanto a de animador 3D quanto outras ligadas a computação gráfica), o mais importante é ter uma equipe bem definida e desenvolvida, para que todo processo seja perfeito. O tempo para a produção e finalização de um curta animado leva no mínimo um ano. Portanto, modeladores, animadores, iluminadores, roteiristas e diretores devem agir em sincronia, entusiasmo e principalmente, diversão.
Trabalhar com animação é viver a realidade de modo irreal. É transformar uma alma velha em criança, através de cenários, personagens e história. É fazer teu amigo rir, chorar e se emocionar com rabiscos no papel que viram expressões virtualmente reais. Desejo ao máximo crescer nessa área, sempre cercado de pessoas criativas, desafios e sonhos.
30.03.12
Um samurai roqueiro
Por Raíssa Fernandes
2010 – Ricardo Burin praticando Jojutsu Arquivo Pessoal |
O administrador e analista de marktfolge Ricardo Burin, de 43 anos, sempre teve interesse pela cultura oriental: as lutas, os conceitos de vida. Em 2009, resolveu agir.
Começou a pesquisar para colocar em prática o seu desejo. Passando em frente a um instituto em São Paulo, que oferece várias atividades ligadas às artes dos samurais, teve conhecimento das modalidades ligadas ao Kenjutsu (arte criada no Japão há mais de 600 anos) e pratica duas artes marciais – o Laijutsu – habilidade de sacar a espada em forma de ataque e defesa – e o Jojutsu – considerada a arte da paz, é a luta com um bastão, criada para combater e desarmar guerreiros sem precisar matá-los.
Treina de duas a três vezes por semana e participa de intensivos com duração de um final de semana, pois acredita que esse contato com a doutrina samurai traz benefícios para o corpo e a alma.
1983 - Dublagem do Kiss na escola Arquivo pessoal |
Além disso, está há mais de 25 anos envolvido com a música. Desde criança, ouvia o pai e as irmãs tocarem violão e gostava de tocar na fanfarra da escola. Na adolescência, passava o dia todo escutando rock e sonhava em ter uma banda famosa. Durante esses anos, fez alguns cursos, tocou em várias bandas, além de ter sido professor de bateria.
Continua envolvido com o rock, uma das coisas que confessa lhe dar muito prazer até hoje.
1992 – Banda Millenium Arquivo Pessoal |
Dedica-se a conciliar o seu tempo entre o trabalho e as atividades de que gosta. Faz parte da banda de Hard Rock Clássico Venatici, na qual é baterista.
2008 – Banda Venatici, em Pirituba Arquivo Pessoal |
Com apresentações em bares de rock, motoclubes e eventos relacionados, diverte-se ao lembrar de uma apresentação em um bar de pagode. “Óbvio que não deu muito certo”.
Para Burin, o segredo para conciliar essas atividades está em utilizar o tempo que parecia perdido em benefício próprio. “Escuto as músicas enquanto estou no ônibus me dirigindo ao trabalho. Aproveito o tempo para memorizar as músicas e pegar detalhes”.
1994 – Banda The Elder, no Victoria Pub Arquivo Pessoal |
2009 – Em banda de blues Arquivo Pessoal |
24.03.12
Música Visual / Música para Surdos
Por Lívia Vilas Boas e Naiane Olah – Tradutoras Intérpretes de Língua de Sinais Brasileira e Língua Portuguesa
Tudo começou de maneira despretensiosa. Naiane e sua mãe foram convidadas para interpretar um espetáculo da Orquestra Sinfônica de São Paulo no Teatro Municipal. Entre as diversas músicas apresentadas estava Carinhoso, de Pixinguinha. A apresentação interpretada para a Língua de Sinais Brasileira era inédita e chamou atenção da Comunidade Surda, tornando-se um sucesso. De repente, era possível ver comentários sobre o espetáculo entre os surdos, outros intérpretes e aprendizes da libras. A tradução do Carinhoso passou a se espalhar por algumas escolas e surgiu a necessidade de registrá-la.
Numa tarde, em julho de 2010, nos juntamos, Lívia com a câmera e algumas ideias sobre a visualidade que podia se conceber a partir da música, Naiane com sua tradução e graciosidade de interpretação e ambas com um anseio por praticar um novo conceito a respeito da tradução de músicas para a libras que fosse realmente acessível aos surdos, trazendo uma aproximação da poesia da música, de sua harmonia e melodia à beleza da Língua de Sinais e à forma visual com que os surdos apreendem o mundo. Nos lançamos na internet através do canal: http://www.youtube.com/user/liviabvb
Esse foi o início de uma brincadeira séria de duas amigas. Passamos a nos reunir em nossas casas, geralmente de madrugada, para nos desafiar a produzir vídeos com traduções de músicas. A cada um deles experimentamos construções linguísticas novas, juntando imagens e movimentos que trazem a visualidade transmitida pela música.
A tradução e interpretação de música é um processo extremamente complexo e difícil. É preciso ser fiel ao conteúdo da letra da música ao passar da língua portuguesa para a libras. Além disso, é preciso transformar em imagens e movimentos tanto visuais como corporais a melodia e ritmo da música.
Nosso principal objetivo é aproximar a Comunidade Surda à cultura musical que é tão natural ao ser humano. Respeitamos as pessoas surdas que não gostam ou não desejam essa aproximação, mas desejamos que se permitam ao menos uma vez essa experiência.
13.11.11
Ser cosplayer
Por Giovana Moreira Pacco (Kula)
Eu acabei entrando no mundo Cosplay pela paixão que tinha por alguns personagens e a vontade de ser como eles. Isso me fez querer invadir estes limites do real e do desenho, até hoje me dedico a isso e a cada ano quero melhorar, pois usar um cosplay é único, um sentimento que não há como descrever.
Kula fazendo o cosplayer da personagem Caterina Storza, do Anime Trinity Blood |
Ser ou usar um cosplay é o ato de se vestir como um personagem de que você gosta. O termo cosplay surgiu das palavras costume e play, que pode se traduzir em “representação de personagem a caráter”. Este costume foi criado nos Estados Unidos, e logo todo o mundo começou a usar a palavra, e também a moda de se vestir do seu personagem favorito.
Porém, isso tudo não fica só no mundo dos mangás e animes, transita também pelos quadrinhos americanos, filmes e jogos. Não importa a idade, o importante é a vontade e a diversão que isso ocasiona.
Para ser um cosplayer perfeito, você tem que investir dinheiro, pois deve-se cuidar dos mínimos detalhes e fazer com que os itens pareçam que realmente saíram dos animes. A paixão pelo cosplay faz com que todos se esforcem para serem perfeitos, pois todos que se dedicam a um cosplay querem a perfeição, ou, ao menos, desejam ser muito parecidos com seus heróis dos quadrinhos.
18.10.11
“Paraquedismo não é só saltar, é saber voar”
Por Eliene Santana, Gustavo Lima, Rafael Biazão e Tayane Garcia, alunos do curso de jornalismo
O salto de paraquedas é, normalmente, realizado uma vez por pessoas que decidem alcançar uma nova conquista na vida. Por ser um esporte radical, é temido por aqueles que evitam adrenalina e altura.
Sr Aumada na preparação para o salto Arquivo pessoal |
Mesmo já tendo realizado por volta de 200 saltos, Aumada afirma que cada salto é uma emoção diferente. A sensação da primeira vez se repete de formas novas, e ainda enfatiza que, sua intenção ao continuar saltando foi o aperfeiçoamento das técnicas: “Paraquedismo não é só saltar, é saber voar estando na posição certa, na hora certa. Quando não temos técnica, podemos saltar, porém, sem perceber, escorregamos para a direita, para a esquerda e eu não queria só escorregar, queria mostrar que podia aprimorar meu salto”.
Treinamento: quinzenalmente em Boituva e mensalmente em Goiânia Arquivo pessoal |
Quem já viu vídeos com quatro pessoas saltando de paraquedas formando figuras no céu? Essa modalidade se chama 4 way e Aumada, junto ao seu time, treina quinzenalmente em Boituva e uma vez ao mês em túnel de vento que existe em Goiânia.
Rumo ao campeonato 4 Way 2012 Arquivo pessoal |
Cada integrante de seu time atua em áreas diferentes no dia a dia, e mesmo com outras atividades, eles têm suas datas para treino, reuniões, pois estão envolvidos com um campeonato de 4 way que acontecerá em 2012, com 30 times nacionais participantes e a classificação será entre os 5 melhores.
"Cada salto é uma emoção diferente" Arquivo pessoal |
“Todo esporte hoje é seguro, desde que você pratique da maneira correta. Há pessoas que abusam e fazem além do que é permitido. Aqueles que se arriscam acabam sofrendo consequências que podem até ser fatais no caso do paraquedismo, por exemplo. Hoje estamos em um mundo de novas tecnologias, então temos muitos recursos que podem nos ser úteis tanto para nos facilitar, quanto para até “salvar” nossas vidas”, o segredo é aplicar com responsabilidade.
10.09.11
Arquitetura desconstrutivista: arte dos novos tempos
Por Andrew Lucas Senra Almeida, aluno do curso de Arquitetura e Urbanismo
Arquitetura desconstrutiva, uma forma diferente de se fazer arte Banco imagem |
Desde o fim do século XIX, a arquitetura vem buscando novos caminhos para dar forma à arte. Muitos arquitetos renomados e grandes sábios do movimento, como Le Corbusier, Ludwig Mies van der Rohe, chegaram a negar toda a arte anterior a este período, criado após um longo período o modernismo de Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas.
Mas vamos concordar que já faz mais de 200 anos que só se ouve falar em modernismo, e o grande Arquiteto Niemayer já passou dos 100 anos. Particularmente, já vejo o pós-moderno como passado, para ser claro eu costumo fazer minha as palavras de Daniel Libeskind: “A arquitetura deve nos fazer sentir diferente, se não, a engenharia já seria o suficiente”.
O que vem a mente ao imaginar o Rio de Janeiro? Maracanã, Igreja da Candelária, Sambódromo? Se fizermos esta pergunta a um turista, então ele responderá “The Christ Redeemer is beautiful”. Se pensarmos em São Paulo, a primeira imagem que me vem à mente é o MASP, não o desmerecendo, mas já faz 200 anos que só se criam estas formas. Atualmente tudo se volta para aquilo que se destaca, o que é diferente e belo se torna algo de grande apreciação.
Andrew Almeida Arquivo pessoal |
Desconstrução: termo que surge pela primeira vez em um texto de E. Husserl trata a desconstrução como decomposição, desmontagem dos elementos da escrita de modo a se descobrir partes de um texto que estejam dissimuladas.
A arquitetura desconstrutivista nos dá a liberdade de buscar a razão, ou até a funcionalidade, de algo criticado e caracterizado como ridículo, a busca da lógica exata e a beleza diferenciada prevalecem na desconstrução.
Uma vez que todas as necessidades sejam resolvidas e todas as leis da física sejam respeitadas, teremos a liberdade para aplicar a desconstrução.
Um dos principais líderes desse movimento é Frank O. Gehry, que nasceu em Toronto, um brilhante aluno da grande Universidade de Harvard. Seus projetos têm a fama de causar grandes impactos visuais e propor à platéia diferentes sensações e reações, sendo elas quase sempre positivas e de grande celebração. Gehry, com seu brilhantismo, desenvolveu diversos marcos para a arquitetura, como o Museu Aeroespacial da Califórnia, o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, o Fishdance Restaurant, no Japão, e o Vitra Design Museum, na Alemanha.
Peter Eisenman, arquiteto americano e grande apreciador das obras do filósofo Jacques Derrida (Interprete do Descontrutivismo), é conhecido mundialmente por projetos que produzem um nó sintático que revela as formas, porém, confunde a mente devido à distorção do ponto de fuga.
Daniel Libeskind, nascido em 12 de maio de 1946 em Lódź, Polônia, é um arquiteto que se naturalizou americano em 1965. Estudou no Bronx High School of Science e vive desde 1989 em Berlim, com sua mulher Nina e seus três filhos. A sua arquitetura usa uma linguagem de ângulos imponentes, geometrias que se intersectam, fragmentos vazios e linhas picadas de uma forma exuberante. Foi o arquiteto de diversos museus e galerias, incluindo o Museu Judaico de Berlim, o Museu Felix Nussbaum em Onabruck, o Imperial War Museum North em Manchester.
Contudo, tenho que admitir que o modernismo e o pós-modernismo reinem na mente de muitos arquitetos por muitas décadas e é bastante contraditório, há algumas dificuldades para fazer do Descontrutivismo apesar de parecer algo acessível a todos depende muito das ferramentas que o arquiteto tem em mãos e dos super profissionais que devem saber manusear software super avançados e cálculos estruturais de grande dificuldade, mas o maior problema de tudo é o custo para se produzir tal arte.
Banco de imagem |
10/06/11
Vá viajar, seja um mochileiro
Por Adriana Nascimento e Juliana Veloso
Bill na Patagônia Arquivo pessoal |
São inúmeros destinos proporcionados por milhares de agências de viagens por todo o Brasil, mas há quem prefira fazer seu próprio roteiro e ter a liberdade de variar quando chegar ao local escolhido.
Foi o que aconteceu com o estudante de Publicidade e Propaganda Rafael Anic, 23 anos, mais conhecido como Bill. Ele e um grupo de amigos planejaram e executaram uma viagem pela América do Sul. Os lugares escolhidos foram Argentina, Patagônia e Chile. Segundo o estudante, o que pesou para a escolha dos lugares foram três coisas: a proximidade, o valor da moeda e a beleza atrativa, principalmente da Patagônia.
Quando questionado sobre o planejamento da viagem, Bill explicou que combinou tudo pelo site de relacionamentos, em comunidades que reúnem mochileiros de todo o mundo. “O planejamento da viagem foi praticamente feito todo pelo Orkut, através das comunidade de mochileiros ou das próprias cidades”.
“O pessoal é muito prestativo nessas comunidades, você posta suas dúvidas, pede sugestões e todas as pessoas falam um pouco ou indicam sites. Você junta toneladas de informações e então vai filtrando o que mais lhe interessa e traçando assim, seu roteiro”, garante ele.
Lanche na Argentina Arquivo pessoal |
Ele também diz que as dificuldades com a língua são quase nulas e por isso, se comunicava muito bem fazendo amizades e descobrindo novos lugares para praticar skate. “A maioria dos lugares que colei não era nada programado, fazíamos amizades com alguém sem querer na rua, no ônibus e acabavam nos levando a algum lugar ou indicando algo”, comenta.
Ele afirma que voltaria a Argentina, pois mesmo com toda rixa no futebol o país abriga um povo hospitaleiro com brasileiros e mulheres muito belas. A Patagônia é outro ponto muito elogiado pelo estudante, pelas belíssimas paisagens e devido às trilhas que são muito bem sinalizadas e gratuitas.
Já o Chile não deixou saudades. “Ao Chile creio que não voltaria, é um pouco parecido com São Paulo, ruas largas camelôs e coisas do gênero. A polícia repreende muito lá os tais dos Carabineiros (policia militar ostensiva do Chile). Quando dá 2 horas da manhã as luzes das baladas acendem para fechar e todos vão embora ou para picos ilegais. Não se vê muita gente na rua de noite. Não pode beber na rua nem andar sem camiseta”, conta.
Chile Arquivo pessoal |
Ainda assim, ele observa que para quem anda de skate, Santiago é uma boa indicação.
O custo de conhecer três lugares com características diferentes e natureza exuberante por cerca de um mês foi de R$2.500, incluindo passagem, estadia e alimentação.
Casa Rosa, Argentina |
Argentina |
Argentina |
Alojamento, Argentina |
Argentina |
Argentina |
Buenos Aires, Argentina |
Chile |
Chile |
Chile |
Laguna de los tres, Patagônia |
Patagônia |
Patagônia |
Patagônia |
Patagônia |
Patagônia |
Porto Madero, Argentina |
Vina del mar, Chile |
04/05/2011
Um caso de amor a si próprio: Swásthya Yôga
Por Márcio Sanches, ator e estudante de Publicidade e Propaganda
"Tenho mais entusiasmo", diz Márcio Sanches (Arquivo pessoal) |
Quando comecei a praticar há 2 anos, não sabia de fato do que se tratava. A meu ver, era apenas mais uma aula complementar da academia inclusa no meu plano mensal. Tampouco sabia das inúmeras diferenças entre nomes, estilos e filosofias que cercam a prática do Yôga. A diferença entre exercícios, meditação e a prática em si.
Aos poucos, compreendi que se tratava de uma filosofia de vida e que Swásthya era um método da prática, muito diferente de outros tantos com os quais nos deparamos por aí. O significado de Swásthya em sânscrito é auto-suficiência.
Esse método busca o desenvolvimento completo, bem-estar e auto-suficiência e podemos dividi-lo da seguinte forma:
1- mudrá (gesto reflexológico feito com as mãos):
2- pújá (retribuição ética de energia);
3- mantra (vocalização de sons e ultra-sons);
4- pránáyáma (expansão da bioenergia através de respiratórios);
5- kriyá (atividade de purificação das mucosas);
6- ásana (procedimento orgânico);
7- yôganidrá (técnica de descontração);
8- samyama (concentração, meditação e outros estados mais profundos).
A execução de todos esses passos garante bem-estar físico e auxilia no controle emocional. Além de trabalhar força, flexibilidade, equilíbrio, respiração e concentração. Outra característica interessante é que as posições estéticas e harmoniosas são executadas de forma coreográfica, dando continuidade e beleza a quem pratica e a quem assiste.
A filosofia é interessante e atraente. Me envolveu e gerou entusiasmo para me aprofundar, participar mais das atividades e conhecer a cultura. Hoje percebo claramente seus efeitos, tenho mais consciência e enxergo a vida com alegria sincera.
O meu desejo a todos é que possam em suas vidas provar e experimentar coisas novas que proporcionem prazer, bem-estar e que possa contribuir com sua evolução em todos os sentidos.
Para os curiosos e interessados, apresento o mestre De Rose. Abaixo, alguns links interessantes com vídeos, mantras, livros e informações gratuitas para downloads.
Site DeRose: http://www.uni-yoga.org.br/intro/
Significado dos Mudrás
Susana Dias - Coreografia método DeRose
Coreografia Arthur Coste DeRose Festival Florianópolis 2010
2 comentários:
O blog está animal! Parabéns Dri e cia!
Obrigada Biah, aguardamos sua visita sempre!
Postar um comentário