Desfecho de personagem de Déborah Secco segue realidade da política brasileira
Por Tatianne Francisquetti
Insensato Coração, novela exibida pela Rede Globo de Televisão, terminou, no último dia 19, com um fim visto, recentemente, no cenário político nacional. Natalie Lamour, personagem interpretada por Déborah Secco na trama, elegeu-se como deputada federal após participar de reality show e virar celebridade instantânea.
Campanha de Natalie Lamour, personagem da novela Global Foto: Divulgação rede Globo |
As eleições de 2010 não exibiram um panorama diferente. Entre cantores, atores, comediantes e ex-participantes de reality shows, 79 celebridades se candidataram para os cargos de senador, deputado federal e estadual. Nessa lista de candidatos, figuram nomes como Kiko e Leandro, do grupo KLB, Mulher Melão e Mulher Pêra.
Dessa lista, 8 candidatos foram eleitos, somente nos estados do RJ e SP, entre eles o comediante Tiririca e Jean Wyllys, ex-participante do BBB. De acordo com dados TSE, Tribunal Superior Eleitoral, o número de candidaturas de famosos teve um aumento maior do que 100%, comparado às eleições de 2006, quando 38 se candidataram.
De acordo com Moacir Assunção, jornalista e professor de Sociologia, um dos motivos que justifica o aumento do número de candidaturas de celebridades é a vantagem adquirida pela fama. “Eles estão na frente dos demais no quesito popularidade, o que é muito importante no Brasil”, explica. Outro fator que leva celebridades a se candidatarem é a concepção incorreta feita do trabalho de um político. “Há uma impressão disseminada na sociedade de que políticos não trabalham, o que não é verdade. Quando entram lá, muitas dessas figuras públicas percebem que não têm peso algum, serão manobrados pelos políticos profissionais, aqueles que de fato mandam no Congresso”, completa. Para ele, essas candidaturas não têm densidade eleitoral ou ideológica, e os candidatos não têm preparo político para assumir esses cargos públicos, apesar de salientar que existem algumas exceções, como Jean Willys, que “já era alguém com verniz intelectual antes de entrar no parlamento”, conforme define.
Leandro Ribeiro - "Hoje em dia avalio melhor as propostas dos candidatos". Foto: Tatianne Francisquetti |
Leandro Mendes Ribeiro, 28 anos, analista de suporte, admite já ter votado em uma celebridade. No ano de 2008, votou em Sérgio Mallandro para o cargo de vereador, apesar de confessar não ter acompanhado a campanha do candidato. “Sinceramente não sei por que fiz isso, se foi por graça ou protesto. Só agradeço por ele não ter sido eleito porque não conhecia nenhuma proposta dele, e, vendo como ele age, acredito que teria sido um erro sua eleição”, explica.
Para ele, existem dois motivos principais que levam a população a eleger esses candidatos. Um deles está ligado à imagem irreal de perfeição que o público atribui a seus ídolos, que vendem por meio da mídia uma personalidade positiva e altruísta. O outro é o hábito, de algumas pessoas, de encarar tudo com leviandade, inclusive a política. “Quantas pessoas você já não ouviu dizer que votaram em alguém e logo em seguida começaram a rir, como se fosse uma piada?”, questiona.
Meggie Monauar, 25 anos, redatora, acredita que a candidatura independe da fama. Para ela, o mais importante é avaliar o que move alguém a se candidatar. “Vontade de trabalhar pelo povo, pelo país. Se é só pelo dinheiro, pelos benefícios... Aí reside a importância da ação”, exemplifica. No entanto, para ela isso não é avaliado no momento da votação. “A tendência brasileira de escolha é extremamente impulsionada pelo marketing. Especialmente se ele for de fácil compreensão. E também há que se pensar que o brasileiro facilmente se rende a artistas de apelo popular”, explica, acrescentando que costuma dar preferência ao voto em branco.
Celebridades que exercem funções na política
Fotos: Divulgação
1 comentários:
Eu acredito que muita das vezes as "celebridades" usam sua imagem para se candidatar e com isso ganhar votos de seus fãs!!
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