19 de set. de 2011

Instabilidade financeira ainda não chegou a todos os setores

A despeito do cenário recessivo mundial, população brasileira continua comprando

Por Adriana Nascimento e Juliana Veloso

A crise que ocorreu no ano de 2008, após a falência do banco estadunidense Lehman Brothers, trouxe um novo cenário para a economia mundial. Conhecida como “crise dos subprimes”, o colapso foi causado por uma “bolha” no mercado imobiliário dos EUA e ocasionou a quebra de várias empresas e perdas bilionárias em outras. No Brasil não foi diferente. Grandes instituições, como a Sadia, Votorantim e Aracruz Celulose registraram perdas significativas em seu capital.

De acordo com uma recente pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cada cinco empresas existentes no Brasil em 2009, uma era recém-criada, ou seja, apesar de ser um ano de crise, houve um aumento na taxa de entrada de empresas em comparação com 2008, o que faz concluir que a crise global não é geral, pois alguns setores demonstraram crescimento.

Segundo o BC (Banco Central), os altos juros do país têm atraído investimentos especulativos, supervalorizando o Real, o que prejudica a economia nacional. Esses recentes dados fazem economistas brasileiros e a própria população se questionarem sobre a chegada da crise no país. Afinal, ela está presente na economia brasileira ou não?

Para a gerente administrativa Janaina Santos, 35 anos, a chegada da tensão econômica está mais próxima do que se imagina. ”Neste momento nosso país passa por um superaquecimento, o que, de um lado, ajuda, e, de outro, prejudica, já que as pessoas passam a gastar mais fazendo com que a inflação suba. Vivemos uma situação favorável, porém, podemos esperar uma crise iminente a qualquer momento”, explica Janaina, que possui dívidas em seu nome e se diz prejudicada por não conseguir quitá-las devido aos juros abusivos praticados pelos bancos.
"Nosso país passa por um superaquecimento" diz Janaína
Foto: Juliana Veloso

O governo defende que houve uma melhora na condição social dos brasileiros. Alguns concordam com tal afirmação, outros acreditam no esforço por parte da própria população. “Houve uma pequena melhora na minha condição social nos últimos cinco anos, porém, não se deve a estratégia política, e sim a dedicação e comprometimento profissional”, declara o supervisor administrativo Fernando Silva, 32 anos, que há dois anos conseguiu comprar um apartamento por meio de um financiamento pela Caixa Econômica Federal.

O setor de veículos vem se destacando no cenário econômico brasileiro. Mesmo com restrições de crédito impostas pelo governo, em agosto foi registrado um aumento de 6,9%, batendo o recorde de mais de 100% de vendas em 10 anos.

No entanto, em alguns casos, o superaquecimento do setor pode não surtir efeito positivo para os consumidores. “Muitas pessoas, que compram veículos por impulso ou por estar bem em determinado momento, pouco tempo depois acabam devolvendo-o por falta de pagamento. O que vemos é que o próprio mercado está absorvendo este excedente”, afirma o professor de Economia Antônio Carlos Lima.
Ele defende o cenário positivo descrito pelo governo, mas afirma que o momento é de cautela. “Lembramos sempre que o melhor é poupar hoje para que possamos aproveitar amanhã”, alerta Lima.

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