Escolas públicas oferecem poucas vagas

Famílias esperam até um ano para matricular seus filhos onde o ensino é gratuito

Por Carolina Campos, José Roberto Pessoto e Roberta Chamorro

Criatividade dos alunos aos olhos da população
Foto: Roberta Chamorro

As famílias buscam vagas em escolas públicas visando à educação para seus filhos, sem que isso pese no orçamento. Porém, a procura não é fácil e muitas crianças têm que esperar para conseguir uma vaga.

Giovanna Cippolone, 8 anos, é uma dessas crianças que esperaram um bom tempo para conseguir matricular-se. “Por ser uma escola ótima, com merenda boa, que oferece atividades extras e dá uniformes aos alunos, a concorrência por vagas é muito grande”, afirma Érica Pereira, mãe de Giovanna, que estuda no Centro Educacional Unificado (CEU), localizado na Vila Cisper. “Tive que esperar um ano para conseguir uma vaga”, revela a mãe.

Escola Estadual da Vila Carrão
Foto: Roberta Chamorro

De acordo com a Lei n°11.114, a matrícula na escola é obrigatória e deve ser realizada por parte dos pais ou responsáveis.  É dever do Estado a garantia de vagas em escolas públicas, mas nem sempre isso acontece como esperado.

Em fevereiro deste ano, aconteceram dois casos de mães que se acorrentaram para chamar atenção e conseguir uma vaga. Raquel de Almeida, moradora de São José dos Campos, acorrentou-se no banco de uma escola para protestar e conseguir uma vaga para seu filho de 11 anos. Ela dizia que estava na espera há quatro anos. Já Maria Vanessa de Brito acorrentou-se no portão da Escola Municipal Marechal Rondon, em São Paulo. A mãe dizia que estava esperando há três anos.

Escola recém inaugurada para atender a demanda da Vila Formosa
Foto: Roberta Chamorro

E os problemas das escolas públicas não se resumem apenas a falta de vagas, relatórios divulgados ontem (14), pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mostram que o Brasil, entre 33 países, apresenta a maior desigualdade entre escolas públicas e particulares. De acordo com o Pisa (exame internacional que compara desempenho de alunos), o aluno da rede privada está três anos à frente, em comparação a um aluno do ensino público.

“Eu me lembro que no passado as crianças eram matriculadas no ensino privado por não haver vagas no ensino público. Mas, antes a escola pública era considerada a de melhor qualidade”, relembra José Pio, 56, pai de dois filhos.

Para quem consegue uma vaga a satisfação prevalece. Simone Gonçalves Oliveira dos Santos é mãe de três filhos, todos matriculados na escola pública. “Morar perto e estudar em escola pública, onde o ensino é muito bom e ainda não pagar nada, é maravilhoso”, diz Simone.

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