14 de out. de 2011

Capitães da Areia ganha sua primeira adaptação nacional para o cinema

Filme homônimo, dirigido por Cecília Amado, chega às telonas em sete de outubro

Por Tatianne Francisquetti

Pôster utilizado para divulgação nos cinemas
Foto: Divulgação
Em homenagem ao centenário de Jorge Amado, que será comemorado em agosto de 2012, o filme Capitães da Areia, dirigido pela neta do escritor, estreou na última sexta-feira, nos cinemas brasileiros.

O livro, escrito em 1937 e dividido em três partes, conta a história de um grupo de meninos de rua que vive em Salvador. Além de contar o cotidiano desses garotos, com suas aventuras e os roubos que praticam para sobreviver, a narrativa traz críticas sociais e traços que indicam as aspirações dos jovens e os sentimentos acarretados pelo abandono, como a carência afetiva.

Para produzir a adaptação, Cecília Amado foi buscar os atores mirins em oficinas culturais e ONGs de regiões carentes de Salvador. Pedro Bala, Volta Seca, Gato, Boa Vida, Dora e os demais Capitães da Areia ganharão vida nas telonas através de atores desconhecidos pelo público.

Professor, Dora e Pedro Bala
Foto: Divulgação
Essa não é a primeira vez que Capitães da Areia ganha uma adaptação cinematográfica. Em 1971, o livro do escritor baiano foi produzido pelo americano Hall Bartllet, com o nome “The Sandpit Generals”.

Para Kátia Pellicci Cembrone, mestre em Literatura, Capitães da Areia foi uma excelente escolha para a celebração dos cem anos do autor. “Acho que o mais importante é que ele trata de uma realidade brasileira, que é o problema das crianças abandonadas, da pobreza. Ele retrata na Bahia, mas a gente sabe que acontece no Brasil e no mundo”, justifica. No entanto, a crítica social, para Kátia, não é a única característica que justifica a escolha da obra.  Ela salienta, também, a humanidade que a obra transpassa e a beleza poética existente nela: “Ele é extremamente poético. Lendo, depois sabendo que ia ser filme, eu ficava pensando como iam ser aquelas imagens, porque é belíssimo”.

Capitães brincam no carrossel, demostrando a infância escondida pelas dificuldades
Foto: Divulgação
Apesar de ter sido escrita na década de 30, Kátia acredita que a história se enquadrará perfeitamente aos dias atuais. “Infelizmente, ele é uma obra atual. O Brasil evoluiu pouco nessa área de educação, respeito, de pensar no outro. Então, a gente lê Capitães da Areia hoje, como se fosse escrito hoje”, explica. Além disso, ela aponta que a obra é um clássico. “Mesmo que o tempo passe, a obra não passa. Ela se ajusta à realidade”.

Felipe Tavares Corte e Isabela Latorieri, 19 anos, assistiram ao filme, mas declararam preferir o livro. “O livro é bem mais completo”, afirma Corte, apesar de acrescentar que, levando-se em consideração o tempo do filme, a adaptação correspondeu às expectativas. Para eles, faltou mostrar, no filme, situações vividas pelos Capitães durante a narrativa. “Achei que ficou faltando mostrar mais das aventuras, darem uma ênfase maior para isso”, opina Isabela.
Felipe e Isabela foram assistir ao filme na data de estreia
Foto: Tatianne Francisquetti
Para Maria Aparecida Gomes, 45 anos, apesar de algumas passagens do livro terem sido cortadas, a adaptação foi muito bem feita. "Fiquei encantada. E cenas relevantes não foram deixadas de fora, como a cena do carrossel, que retrata que esses meninos são efetivamente crianças, apesar da vida que levam. O filme todo deixou bem claro que os crimes que eles cometiam eram fruto do abandono e desigualdade social”, comenta.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | cna certification