9 de set. de 2013

Marta Suplicy concede benefício às estilistas brasileiros

Mesmo sem o apoio de parlamentares ministra mantém decisão e disponibiliza verba para projeto que incentiva à cultura
Por: Ingrid Tavolaro e Gláucia Fellipe

Com o objetivo de incentivar a cultura no Brasil, a Ministra da Cultura Marta Suplicy disponibilizou cerca de 2,5 milhões de reais para arcar com as despesas do desfile do estilista Pedro Lourenço na Semana de Moda de Paris de 2014. Lourenço receberá o benefício por meio da Lei Rouanet que é um incentivo à cultura por meio de isenção tributária, e o ajudará a lançar seus novos modelos. Filho dos também estilistas Reinaldo Lourenço e Glória Coelho, Lourenço já se apresentou em desfiles de luxo e assinou sua primeira coleção aos doze anos. Outros estilistas beneficiados serão Alexandre Herchcovitch e Ronaldo Fraga, mas não serão os últimos.

A Lei Rouanet criada há 22 anos passou de um orçamento de 300 milhões em 2003 para 1,7 bilhão em registros atuais e vem sendo discutida desde que o projeto foi apresentado em pauta. Senadores questionaram a concessão da isenção para estilistas brasileiros. Sete conselheiros votaram contra por acharem que há conflito de interesse por parte da lei em bancar estes eventos, sete se abstiveram, mas a última palavra foi da Ministra que aprovou o projeto. O incentivo já atende exposições e obras literárias, mas o mercado da moda é a primeira vez.

A inclusão deste setor como segmento cultural provoca muitas discussões e envolve principalmente a questão sobre moda ser arte ou não. “Moda é uma manifestação que com certeza está impregnada na cultura e é um registro do tempo, da história e da nossa sociedade”, comentou Lourenço, no site Terra. Seu projeto apresenta a ideia de que um desfile de moda é uma exposição de artefatos artísticos, alegando que a roupa por si só não é arte. O estilista apresenta ao público um show artístico e, desta forma, o incentivo seria justificável.

A secretária Talita Daniele diz não entender como esta decisão pode contribuir para promover cultura a população carente por meio de um desfile de luxo, se eles não terão, ao menos, contato por fotos com o desfile em Paris. Para ela, pode haver outras formas de mostrar a moda de uma maneira diferente como, por exemplo, incentivar projetos sociais que levam instruções de moda à crianças em fase escolar.

A Ministra acredita que os incentivos não beneficiarão marcas comerciais e sim projetos de internacionalização, tradição brasileira, preservação do acervo cultural e formação de estilistas, abrindo caminhos para proporcionar imagens do país diferentes do futebol e do samba. “Acredito que se investe pouco com a cultura. Talvez esta não seja melhor maneira, mas acho que já é um começo”, diz a estudante de moda Amanda Cardoso.

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