15 de out. de 2013

Ateísmo e Jornalismo

Por: Murillo Magaroti*

Já fazia algum tempo que eu não acessava a página da Atea, organização da qual sou associado – desde 2011, se não me falha a memória. A Atea é a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos e, segundo o próprio site, tem como objetivos ‘congregar ateus e agnósticos’; ‘combater o preconceito e a desinformação a respeito do ateísmo e do agnosticismo’, ‘promover a laicidade efetiva do Estado (...) o pensamento crítico e o método científico’; entre outros - ver site www.atea.org.br.

Algumas coisas da época em que me associei permanecem por lá – campanha do ônibus, processo contra o Datena, argumentos contra teístas. Algumas conquistas, como a veiculação da campanha do ônibus em duas capitais – Salvador e Porto Alegre (também em outdoors) –, participação como convidada na Cúpula dos Povos no Rio+20 e a condenação, em primeira instância, do citado jornalista/apresentador. Existe ainda uma aba intitulada ‘Imprensa’. 

Ao contrário do que era de se esperar, em vez de trazer um contato de um assessor de imprensa ou empresa que forneça tal serviço, a tal aba trata do posicionamento jornalístico, muitas vezes proselitista. Ela traz uma espécie de cartilha sobre alguns termos que devem ser evitados, tais como Deus, Nossa Senhora, Virgem Maria e Jesus Cristo, já que, ao serem inseridos em um texto, evidenciam posicionamento do autor.

Para um país com maioria ainda católica e, sobretudo, cristã, como o Brasil - segundo o Censo de 2010 do IBGE, 86,6% da população é cristã – parece ‘normal’ que se escreva deus com letra maiúscula (afinal, há apenas UM deus) ou adicione o título de Cristo a Jesus, mas, ao serem empregados em texto jornalístico – informativo –, quebram o princípio de isenção. A ‘editoria’ do site da Atea serve como um Manual de Redação para todo jornalista, diplomado ou não, uma vez que os próprios manuais de redação não dão orientação sobre os ‘termos’. O Estado de S. Paulo nem cita em seu manual qualquer um deles. O próprio dicionário da língua portuguesa, companheiro quase inseparável do jornalista apresenta deus apenas com ‘D’. O Manual de Redação da Folha de S. Paulo só contém orientações a respeito de ‘Deus’ ou ‘deus’ – e de forma equivocada. O manual diz para utilizar Deus ‘quando designar o ser transcendente, único e perfeito das religiões monoteístas’ e deus ‘quando designar deuses de mitologias’ e cita a mitologia egípcia. Além de se quebrar o princípio de isenção do texto jornalístico, ao se referir ao deus cristão com ‘D’ e aos deuses dos egípcios com ‘d’ carimba-se um dogma, impõe-se uma verdade à sociedade - e não somos os deuses da verdade, somos?

Números
Segundo o mesmo Censo de 2010, os ateus no Brasil são 615.096 e os agnósticos, 124.436. Os dois representam, dessa forma, 0,39% da população. A estimativa da Atea é que sejam 2% da população, ou 4 milhões de habitantes. O país mais ateu, em percentuais, é a Suécia, onde se estima que 85% da população seja ateísta; a China concentra o maior número: 181,8 milhões de ateus.


*Murillo Magaroti, futuro jornalista, agnóstico ateísta

1 comentários:

Anônimo disse...

Graças a Deus os ateuuuusssss são minoria.

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