8 de out. de 2013

Novas Estradas

Por: Cristian Drovas

A indústria do entretenimento, desde sua concepção, mostra-se uma religião dogmática, difícil de ser modificada. Independente do meio (TV, cinema, rádio, etc.), não são raros os casos de profissionais da área que reclamam das inúmeras restrições e freios criativos impostos por decisões de gabinetes. Mas, recentemente, novos fatores obrigam essa máquina industrial a olhar para outro ângulo.

Em entrevista a Forbes, o diretor de fotografia da série Breaking Bad, Michel Slovis, apontou o Netflix como fator fundamental da popularização da obra originalmente produzida para a AMC. “Eu não sei os números, mas houve um período de tempo em que o Netflix estava orgulhoso pelo fato de que mais pessoas assistiram Breaking Bad por lá do que no canal AMC. Nós construímos uma audiência porque eles [telespectadores] são capazes de fazer maratonas de programas e nos alcançar”. Em outra entrevista, o vice-presidente de compra de conteúdo da Netflix, Kelly Merryman, declarou ao site holandês Tweakers que a empresa usa sites piratas para determinar quais programas inclui em seus serviços.

A Netflix é uma empresa especializada em fornecimento de vídeos via streaming. De acordo com a pesquisa da Pricewatercoopers, realizada em setembro de 2013, mais de 63% dos norte-americanos assistem filmes e outros conteúdos de TV pelo serviço de streaming da empresa no computador. Um dos motivos apontados na pesquisa está no investimento de conteúdo próprio como as séries House of Cards (vencedora de categorias técnicas no último Emmy Award) e Orange is the New Black.

A afirmação de Merryman traduz a postura atual da empresa e traz pontos interessantes à antiga discussão que envolve a indústria de entretenimento e as mudanças provocadas pela acessibilidade da internet. Embora não seja a única no seu segmento, a empresa comprova a tese que é possível obter sucesso financeiro e de crítica mesmo fora do nicho hollywoodiano e no turbilhão da pirataria.

No Brasil, o serviço de streaming tem uma participação mais tímida comparado a outros países. As principais empresas que oferecem esse serviço, além da própria Netflix, são companhias de comunicação como a Vivo (Vivo Play), Claro (Claro Vídeo) e através do serviço de TV a cabo com o NET NOW e Telecine Play (para assinantes da NET e Telecine, respectivamente).  Outros modelos de destaque são a Netmovies, apesar do maior foco no aluguel de DVDs e Blue-Rays, e o Crackle, serviço gratuito e com uma quantidade limitada de acervo.

Ainda é cedo afirmar que será o caminho que a indústria deve seguir nos próximos anos, principalmente no cenário nacional que ainda não possui uma velocidade de banda considerável a um preço acessível. Entretanto, o serviço de streaming já é uma realidade palpável no mercado e ignorar tal fato pode ser uma miopia tão fatal quanto à afirmação do executivo da HP ao jovem Steve Wozniak: Para que uma pessoa comum vai usar um computador?

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