19 de set. de 2012

CRÔNICA: Não vou me adaptar


Por: Tayane Garcia

Mundo louco, mundo rápido, mundo agitado. 

É engraçado como em poucos anos o mundo que eu conheci, romântico, tranquilo e, ao mesmo tempo, cheio de protestos políticos e lutas por direitos, pode ter mudado tanto.

Na minha época, era máquina de escrever, telefone com fio, TV grande (muito grande). Hoje tem celular que só de tocar na tela você consegue falar, tirar foto, filmar e até assistir TV (!). Como pode?

Tudo bem vai. Acho que estou ficando velho para conseguir acompanhar todas essas novidades.

Louco. Apesar de eu me surpreender com tudo isso, teve uma coisa que me chamou mais a atenção um dia desses aí, quando estava voltando pra casa de uma consulta.

Havia dois jovens garotos, mais ou menos com 13, 14 anos cada um. Eles estavam falando – como todo bom adolescente – de garotas.

“Véio, ela é muito gata. Acho que a mais bonita da escola. Pedi pra ela me add no face. Fica mas fácil pra nóis trocá ideia.”

Add? Face? Trocá ideia? Que diabos isso significa??? Mesmo sem entender nada continuei atento a cada nova palavra que ouvia.

“Mano, demorô. A mina é gata, cai pra cima.”

“Pô, véio. Lógico! A gente já começou a bolar uma ideia pelo face. Faz uma semana que estamos conversando. Vamô deixá rolá.”

Ok, ok. Não imagino o que significa metade dessas palavras que os jovens disseram, mas consegui captar a mensagem. Este assunto é sempre comentado, em qualquer idade.

Sinceramente eu pensava que essa geração da internet conversava menos, e que eles ficavam mais isolados em casa, com suas máquinas fantásticas, comendo salgadinho e tomando Coca-Cola.

Mas acho que não é bem isso, não. Esta conversa que ouvi, meio que sem querer, me fez perceber que os jovens de hoje conversam mais, porém, com menos contato. Imagino que eles devam falar com umas 200 pessoas ao mesmo tempo, por meio de computador, celular, e outras coisas que nem imagino que existam.

Imagino também que eles devam ficar confinados em suas casas, com suas parafernálias tecnológicas, engordando e marcando encontros – ou como eles dizem, um rolê – para a noite. E vai dizer que eles não gastam as calorias do salgadinho, hein?

O romantismo pode ter se perdido sim, em meio a tanta tecnologia. Mas a comunicação aumentou (e muito).

Agora, se nada disso existia antigamente, como fazíamos para viver etapas tão especiais em nossa vida, como namorar?

Acho que é hora de me adaptar.

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